Demanda Do Consumidor

Ícone de dinheiro na mão

Estudos mostram que os consumidores estão cada vez mais preocupados com a origem dos alimentos. Uma recente pesquisa conduzida pelo Instituto Datafolha, a pedido da ONG Fórum Animal, revelou que 88% dos consumidores brasileiros estão preocupados com o bem-estar dos animais criados para consumo. Os resultados mostram um alto nível de conscientização, principalmente nas classes sociais com menor poder aquisitivo (classes D e E).[1]

Outra pesquisa, realizada por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), mostrou que 48% dos entrevistados acreditam que o bem-estar dos animais no Brasil está abaixo do padrão internacional. Além disso, o estudo aponta que muitos brasileiros encontram dificuldades no ato da compra, entre outros fatores, devido à baixa disponibilidade de produtos que priorizam o bem-estar animal.[2] Quando questionados sobre o quanto estariam dispostos a pagar a mais por produtos com maior nível de bem-estar animal, os entrevistados responderam da seguinte forma:

  • 32% pagariam um adicional de até 10%
  • 28% pagariam um adicional de até 5%
  • 25% pagariam um adicional de até 25%
  • 15% estariam dispostos a pagar um adicional superior a 25%

Mulher fazendo compras enquanto usa o celular

Problemas De Qualidade

Ícone de polegar para baixo

A alta demanda dos consumidores por carne de frango impulsionou a indústria avícola a desenvolver linhagens de animais que crescessem rapidamente e atingissem um tamanho muscular máximo, visando proporcionar uma maior quantidade de carne no menor tempo possível.

Esse crescimento acelerado para alto rendimento resultou em problemas de qualidade do produto, principalmente os problemas generalizados de miopatias musculares, como o peito amadeirado e as estrias brancas. O peito amadeirado faz com que a carne fique dura e difícil de mastigar, enquanto as estrias brancas são uma condição visível em que a gordura e o colágeno se depositam em estrias brancas na parte externa do peito de frango. Essas anormalidades estão fortemente ligadas ao ganho de peso acelerado e ao rápido crescimento muscular do peito.

A introdução de raças/linhagens de frangos de crescimento menos acelerado poderia reduzir significativamente as anormalidades na qualidade da carne.

Bem-estar Animal

Ícone de bate-papo

A maioria dos frangos no Brasil são criados em condições em que os seguintes fatores contribuem para problemas sérios de saúde e bem-estar:

Linhagem

O frango moderno foi geneticamente selecionado ao longo de várias décadas, priorizando o rápido crescimento e aumento da musculatura do peito em detrimento de qualquer consideração ao seu bem-estar. O crescimento da ave é tão rápido que em apenas 40 dias, um pinto de 1 dia que pesa 50g chegará a aproximadamente 2,5kg, aumentando seu peso inicial em 50 vezes.[3] Os frangos crescem de forma tão acelerada e artificial que seus corpos sofrem diversos danos. Suas pernas, por exemplo, não conseguem suportar o peso de seu próprio corpo,[4] fazendo com que estes sofram de dor nas pernas e apresentem problemas locomotores. Nessas condições, o coração das aves enfrentam intensa pressão para irrigar adequadamente a musculatura, sobrecarregando o sistema cardiorrespiratório, e muitas morrem prematuramente devido a essas falhas.

White broiler chickens laying down

Densidade Animal

Vários estudos têm relacionado problemas locomotores, queimaduras por amônia e má qualidade da cama à alta densidade.[5] Quando vários frangos são confinados no galpão, os dejetos se acumulam na cama rapidamente. A mobilidade dos frangos também é reduzida, pois as aves não têm espaço adequado para se mover devido à alta lotação.

Frangos de corte brancos lotados no galpão

Ambiente e Enriquecimento Ambiental

Como prática padrão da indústria, os frangos são forçados a viver em um ambiente completamente desprovido de estímulos, sem poderem executar qualquer comportamento natural importante da espécie. As aves são submetidas à iluminação artificial e de baixa intensidade, com curtos períodos de escuridão contínua. Não há um padrão para a frequência de troca de cama, sendo comum reutilizar a cama, após alguns tratamentos, com acúmulo de dejetos por vários ciclos e/ou vários lotes de aves. O contato constante com a cama impregnada de amônia causa pododermatite (lesões na parte inferior dos pés), bolhas no peito e queimaduras de jarrete (queimaduras de amônia através da pele). Essas condições resultam em um bem-estar extremamente deficiente.

White broiler chickens crowding in dark shed

Abate

O método de insensibilização e abate de frangos mais comum no Brasil é a eletronarcose, onde as aves são penduradas de cabeça para baixo pelos pés em grilhões de metal. Os frangos são então imersos em uma cuba de água com corrente elétrica, destinada a deixá-los inconscientes. No entanto, muitos não são atordoados de forma eficaz e permanecem conscientes durante o processo. Alguns ainda estarão conscientes no momento da sangria, que é quando os animais são efetivamente levados à morte através de um corte no pescoço (degola). Uma pequena, mas significativa porcentagem ainda estará viva e consciente durante a escalda, que é o processo utilizado para a remoção das penas.

Para mais informações consulte o documento sobre o Bem-Estar de Frangos de Corte (em inglês).


  1. Pesquisa Datafolha: Consumidores brasileiros estão mais preocupados com o sofrimento dos animais em situação de fazenda. (2021) https://forumanimal.org/site/pesquisa/ ↩︎

  2. Franco, B. M. R. et al. (2018). Atitude de consumidores brasileiros sobre o bem-estar animal. Rev. Acad. Ciênc. Anim. 16, Ed Esp 1, e161001. https://periodicos.pucpr.br/cienciaanimal/article/view/23596/pdf_1 ↩︎

  3. Relatório Anual ABPA (2022). https://abpa-br.org/wp-content/uploads/2023/01/abpa-relatorio-anual-2022.pdf ↩︎

  4. Lilburn, M. S. (1994). Skeletal growth of commercial poultry species. Poult. Sci. 73, 897–903. ↩︎

  5. Haslam, S. M. et al. (2007). Factors affecting the prevalence of foot pad dermatitis, hock burn and breast burn in broiler chicken. Br. Poult. Sci. 48, 264–275. ↩︎